DORIVALDO BERNARDO
Um menino de apenas dois anos morreu na noite desta terça-feira (6), em Andradina (SP), após receber uma medicação errada no Pronto Atendimento da Unimed. A Polícia Civil registrou o caso como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A técnica de enfermagem responsável foi ouvida e liberada mediante pagamento de fiança.
Segundo o boletim de ocorrência, a criança deu entrada no hospital por volta das 21h50, apresentando quadro de bronquiolite. A médica plantonista, Dra. Natália Barbato, prescreveu a administração intravenosa de Hidrocortisona, um corticosteroide utilizado para reduzir inflamações.
No entanto, pouco depois da aplicação, o estado da criança se agravou rapidamente. A equipe médica observou queda de saturação, vômito, bradicardia e parada cardiorrespiratória. Ao verificar a medicação administrada, constatou-se que o medicamento aplicado não era Hidrocortisona, mas sim Succinilcolina — uma substância usada para paralisar músculos durante intubações, cuja aplicação indevida pode ser fatal.
A equipe tentou reverter o quadro com manobras de reanimação, intubação e administração de adrenalina, mas o óbito foi confirmado às 23h45.
A técnica de enfermagem identificada como A.P.C.S. relatou que retirou o frasco de uma caixa rotulada como Hidrocortisona. Posteriormente, verificou-se que, por um erro de armazenamento, um frasco de Succinilcolina havia sido colocado erroneamente dentro dessa caixa.
A profissional foi à Central de Polícia Judiciária acompanhada por um advogado e prestou depoimento. A autoridade policial determinou fiança no valor de R$ 4.560, que foi paga, permitindo sua liberação. A Polícia Civil apreendeu os frascos das medicações envolvidas e instaurou inquérito para apurar responsabilidades. A perícia técnica não compareceu ao local no momento do incidente.
Em nota oficial, a Unimed Andradina lamentou profundamente a morte do paciente, informou que a técnica de enfermagem foi afastada temporariamente de suas funções e se colocou à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos. A cooperativa destacou seu compromisso com o cuidado e acolhimento aos beneficiários, especialmente em momentos delicados como este.
O caso causou forte comoção na cidade. Uma paciente que estava presente no momento do atendimento usou as redes sociais para relatar o que presenciou:
“Meu Deus... EU ESTAVA LÁ... eu vi e ouvi com meus olhos e ouvidos o desespero daquela família que muito muito amava aquele ANJO. Confesso que cada grito de desespero daquela mãe, daquela avó, ainda ecoam no meu subconsciente... Ver aquele pai jogado ao chão, sendo amparado e chorando, me deixou trêmula da cabeça aos pés. Não consegui dormir ao chegar em casa, porque ao fechar meus olhos, me vinha a imagem da mãe quase desfalecida chamando e pedindo pra trazerem seu bebê de apenas 2 aninhos, pra dormir com ela, porque ele só dormia com ela. Estamos falando de uma vida que foi ceifada, dilacerando vários corações e famílias que tinham naquela criança todo o amor do mundo como filho, como neto, como sobrinho, como irmão, como um anjinho puro e alegre, cheio de amor pra dar, cheio de esperança, carinho. Uma criança que entra num hospital conveniado ou público, sorrindo e sai dentro de um caixão, por um ERRO humano, é inaceitável, inadmissível, é um pedaço de cada um que morre dentro de si. Meu Deus... desejo do fundo da minha alma, que Deus em sua infinita bondade, AMPARE, CONFORTE, FORTALEÇA cada coração daquela família que inesperadamente compartilhei, me comovi, ajudei a amparar e senti a dor dessa perda irreparável. Totalmente compadecida e solidária a essa mãe, pai, avós, tios e todos familiares que pedem JUSTIÇA.”
Caso foi registrado como homicídio culposo e técnica de enfermagem foi liberada após pagamento de fiança. Unimed lamenta a tragédia e afasta profissional envolvida. Relato de testemunha nas redes sociais expõe a dor da família e pede justiça.
A investigação segue sob responsabilidade da Polícia Civil, que busca esclarecer todos os detalhes da falha que levou à morte da criança. A sociedade local e a família clamam por justiça e por medidas que evitem que tragédias como essa voltem a acontecer.