Andradina (SP) – O caso da morte do tatuador José Milton, conhecido como Miltinho Tatuador, ganhou desdobramentos rápidos e surpreendentes. Ele foi encontrado sem vida na manhã de terça-feira (10), deitado sobre um colchão na sala de sua residência localizada na COHAB Dehira, nas proximidades do Jardim Europa, em Andradina. Ao lado do corpo, havia um líquido suspeito. A perícia indica que o óbito teria ocorrido no dia anterior.
A princípio, familiares e vizinhos acreditavam que se tratava de mais um caso de morte natural. No entanto, após uma averiguação minuciosa feita pela equipe de investigação, foram identificados indícios que apontavam para uma possível morte suspeita, o que motivou a abertura imediata de um inquérito policial.
Em entrevista exclusiva à Revista Versátil e ao Portal A Verdade Online, o delegado Tadeu revelou que o caso foi praticamente solucionado em menos de 24 horas. Segundo o delegado, a mãe da vítima teria deixado um frasco com veneno na área frontal da casa — o mesmo frasco foi posteriormente encontrado dentro de um armário na cozinha durante as buscas da polícia.
Durante o depoimento, a namorada de Miltinho apresentou diversas contradições que levantaram suspeitas. Ela relatou que o casal estava junto há menos de três meses e se conheceu durante uma internação em uma clínica de recuperação na cidade de Jales, de onde ambos teriam fugido. Havia uma semana que estavam morando juntos em Andradina.
Na noite da morte, conforme relato da suspeita, os dois teriam consumido drogas inaláveis e injetáveis em diversas ocasiões. Após uma discussão, ela afirmou que Miltinho a agrediu e a expulsou de casa. No entanto, exames de corpo de delito não constataram lesões. Horas depois, a mulher teria retornado à residência, pulando o muro, e levado mais entorpecentes. Ela confessou ainda que, mesmo com o namorado desacordado, injetou drogas em seu corpo — o que configura, a princípio, crime culposo (sem intenção de matar).
O corpo passou por necropsia e a polícia agora aguarda o laudo oficial que apontará a real causa da morte. Existem duas possibilidades principais sendo investigadas: morte por overdose de entorpecentes ou morte por envenenamento. Caso seja confirmada a presença de substâncias tóxicas além das drogas, a investigação poderá ser reclassificada como homicídio doloso — quando há intenção de matar.
A pena para homicídio doloso simples varia de 6 a 20 anos de reclusão. Se o crime for qualificado, a pena pode chegar a 30 anos. Já no caso de homicídio culposo, conforme previsto no Artigo 121, § 3º do Código Penal, a punição é de detenção de um a três anos, podendo ser substituída por penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade.
O enterro de Miltinho ocorreu na tarde desta quarta-feira, 11 de junho, sob forte comoção de familiares e amigos. Ele era conhecido e querido por seu trabalho como tatuador na cidade.
A Polícia Civil segue com as investigações até a conclusão do inquérito.